quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cenas de Mangás que merecem ser lembradas #1

Este post dará início a mais uma série de postagens que pretendo fazer aqui no Mangás Cult. Confesso que já queria fazer isso há um bom tempo, mas só fui me sentir incentivado a tal graças ao post do Chuva de Nanquim e do Mangás Undergrounds. Bom, a cada post dessa coluna, irei selecionar algumas cenas (sem ser um ranking, só por seleção mesmo) memoráveis de mangás que já li e farei alguns comentários sobre e também a cada post trarei uma página extra escolhida por algum convidado especial que fará comentários sobre ela. Espero que gostem.

E de antemão já aviso... esse post pode conter SPOILERS sobre as obras citadas.





I"s, de Masakazu Katsura. (Volume 10, capítulo 87)



Este, na minha opinião é uma das melhores cenas do mangá inteiro (assim como o volume 10 inteiro que flui a um ritmo totalmente alucinante de acontecimentos).

Essa cena se passa após um encontro entre o protagonista do mangá, Ichitaka Seto e sua grande paixão, Iori Yoshizuki durante o Natal durante a ida para casa de ambos. No meio do trajeto de trem, Seto fica em total nervosismo pensando se essa é a hora certa para se confessar, mas ele acaba murmurando isso em voz alta, e Iori, curiosa, pergunta "Confessar? Para quem?", até que Seto inconcientemente responde "Para você". Após isso, rola um breve silêncio entre os dois e Iori sai do trem e Seto se sente arrasado... até que Iori volta ao trem e diz ao nosso rapaz. "Pensei que eu não fosse correspondida", assim, finalizando o memorável capítulo 87 de um, que na minha opinião, é um dos melhores mangás shonen de romance já feitos.



Lobo Solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima (Volume 23, capítulo 113)



Lobo Solitário e Filhote, é uma das mais importantes e influentes produções das histórias em quadrinhos do mundo todo. A saga em busca de vingança do samurai Oogami Itto e seu filho é, na minha opinião, um dos melhores mangás já feitos (disputando facilmente pelo trono de "melhor mangá que já li na vida").

Essa página é de um dos volumes mais épicos de todo o mangá, o 23, que é centrado em um dos mais titânicos combates já executados na história dos mangás, o início da primeira longa batalha entre Itto e seu nêmesis, Yagyuu Retsudou, que é contada em um ritmo selvagem durante mais de 150 páginas. Essa página mostra o lugar que serve de palco para o duelo entre os dois guerreiros, onde as tropas do clã Yagyuu e suas dezenas de soldados todos juntos contra Oogami Itto, que trava uma sangrenta guerra contra todos eles sozinho em meio à tempestade, até que decorrente disto, ocorre uma grande enchente que devasta as proximidades do local.

E em meio à tantos corpos, Itto e Yagyuu, se retiram do local e fincam suas espadas no chão como uma forma de promessa, para que ambos venham até lá para que o épico acerto de contas possa acontecer.


Saikyou Densetsu Kurosawa, de Nobuyuki Fukumoto (Volume 11, capítulo 90)



Muitos que conhecem Nobuyuki Fukumoto, quando seu nome é mencionado, lembram imediatamente de Kaiji ou Akagi (excelentes, por sinal), mas nem sempre lembram de suas obras menores como Saikyou Densetsu Kurosawa por exemplo, que é, na minha opinião, uma de suas obras mais profundas e tocantes.

Essa página é do capítulo final do mangá, que se passa após uma grande briga de Kurosawa, que se alia a um grupo de moradores de rua, contra uma gangue de motoqueiros que causa problemas aos pobres homens. Apesar de ideias geniais que levaram Kurosawa e seu grupo à vitória, ele saiu gravemente ferido, e ele começa a ser socorrido por todos à sua volta até que de repente, ele começa a se lembrar de toda a sua vida (Sabem aquele dito popular de que "Quando se está próximo da morte, sua vida passa inteira diante de seus olhos"? É exatamente o que acontece aqui), e dentre as suas lembranças, se encontra uma de sua infância, em que ele está no parquinho de areia brincando de matar algumas formigas.Enquanto se vê como criança, Kurosawa fica desesperado dizendo para o menino parar de maltratar a formiga, mas ele fica admirado em como o pequeno inseto luta com todas as suas forças para sobreviver, exatamente como ele fez há poucos minutos. Então, acontece um dos monólogos mais emocionantes e tocantes que já vi em um mangá do gênero (que merece ser transcrevida neste post):

"Será que sou tão admirável como essa formiguinha? Nós dois sobrevivemos do melhor jeito que pudemos contra nossos opressores... Para mim, era esse mundo que era muito duro e 
cruel à toda hora, em todo dia. Eu me senti inútil, sem-forças e sem esperança. Eu já tinha certeza na minha adolescência. Eu sabia disso, eu não nasci para nada! Não nasci para inteligência, conexões, saúde e muito menos talento! As cardas que a vida me deu eram muito mais que terríveis... mas, ainda assim... EU TINHA SONHOS!


Mas isso fez tudo ficar ainda mais deprimente! Quanto mais dureza, menos esperanças eu tinha. Eu fui rejeitado por todas as mulheres que conheci, fiquei à sombra dos outros no trabalho, e todo plano que eu tentava de melhorar de vida era revertido horrivelmente! Como se eu estivesse sendo esmagado vivo! Esmagado por uma força imparável! As mãos da vida... lentamente me esmagando até minha morte inevitável, mas ainda assim... eu resisti! Eu me recusei a desistir... e resisti até a última fibra de minhas forças! Eu continuei a lutar! Lutei admiravelmente!! Assim como aquela formiga lutou contra mim naquele dia de verão há muito tempo atrás.


[...]


Esse sentimento quente nos meus últimos momentos de vida... eu consegui! Eu consegui o que eu sempre quis..."


Ashita no Joe, de Ikki Kajiwara e Tetsuya Chiba (volume 8, página 199)



Ashita no Joe é um dos mangás mais lembrados de todos os tempos. Seja por todo o impacto social que a obra causou, ou pelo seu emblemático e poético final, que é sem dúvida, a cena mais lembrada da série, mas não é só por causa do famosíssimo final da série que ela é a obra prima de Ikki Kajiwara...

Esta cena, nos é apresentada durante o volume 8, que marca a grande e esperadíssima luta entre Joe Yabuki, e seu eterno rival, Tooru Rikishii, que dura o volume inteiro e é arquitetada desde o momento em que Joe é liberado da prisão com Rikishii. Próximo ao final do combate, Joe leva um senhor de um soco que o derruba completamente, mas nosso herói se levanta e luta até o fim com todas as suas forças, mas mesmo assim, ele não conquista a vitória que tanto almejava contra Rikishii. Após o fim da luta, quando os dois vão se cumprimentar para darem o seu melhor até o próximo combate, eis que acontece a primeira grande tragédia do mangá... a morte de Rikishii, que deixa Joe em completo desespero ao fim do volume 8 do mangá.


Ushio to Tora, de Kazuhiro Fujita (Volume 26, capítulo 243)



Ushio to Tora é um dos meus mangás Shounen favoritos. É uma bela história que não precisa de muito esforço pra conquistar os leitores. Cheia de personagens marcantes e com uma épica história, a série fica cravada na memória de todos os que leram.

Essa cena é do volume 26 da série, que marca o prelúdio do maior acontecimento do mangá: A guerra contra a horda de Youkais de Hakumen no Mono, uma terrível raposa de 9 caudas que se for libertada, pode colocar o destino do planeta em total desgraça e perdição. Durante essa preparação para a ressureição de Hakumen e sua horda, vemos vários personagens conhecidos do mangá lutando com todas as suas forças para impedir que Hakumen retorne, entre eles, o que na minha opinião, é um dos melhores
personagens do mangá: Hyou, o exorcista chinês em busca de vingança contra o Youkai que matou a sua família. durante esse arco, somos apresentados a uma nova raça de criaturas, os Azafuse, e entre eles, temos um Azafuse negro, que é o tal Youkai que tirou a vida da família de Hyou. Ao vê-lo, Hyou se lembra de quando chegou em casa e viu o sangue de sua mulher e seu filho espalhados pela casa enquanto a criatura fazia seu banquete... E após isso, Hyou começa a travar uma sangrenta luta contra a criatura (na minha opinião, uma das melhores lutas do mangá).


IMAGEM DO CONVIDADO
E pra encerrar o post... O convidado desse post é o Estranho, do ótimo blog Mangatologia, que escolheu a seguinte página de um dos melhores mangás já publicados na Shonen Jump...



Slam Dunk, de Takehiko Inoue (volume 21, Capítulo 185)



Quando falam de Slam Dunk e cenas memoráveis, a primeira imagem que vem na mente de todos é uma das cenas finais, do famoso "high-five" dos dois personagens centrais. Mas a fama dessa cena acaba por fazer sombra a outras cenas igualmente memoráveis e que muitas vezes significa muito mais.
Essa cena que escolhi diz muito sobre o momento em que se passa o mangá. Só pra situar, o time tinha acabado de conseguir conquistar uma vaga importante no campeonato e Sakuragi (protagonista) foi chamar o capitão Akagi para cumprimentar os adversários.

Pra quem leu o mangá, sabe que essa página faz uma rima visual com outra página semelhante, mas com os personagens em posições inversas; e o motivo do choro é contrário também, é pela derrota.

Muita coisa aconteceu no mangá entre essas duas cenas, e o Sakuragi que vemos na primeira imagem mudou totalmente para o desta; a principal mudança foi no seu crescimento como jogador e no seu relacionamento com o time. A empatia que ele sente por Akagi nesse momento não precisa ser expressa em palavras diretas; ela é visível.

E o fato do choro de Akagi representar a conquista de um sonho de anos, e pela imagem representar um espelho entre a vitória e a derrota, a alegria e a tristeza... tudo isso são fatores que tornam essa página altamente memorável, importantíssima para o crescimento dos personagens e, com certeza, muito foda!


Obrigado por ler.

8 comentários:

  1. Cara, o que é essa imagem de Ashita no Joe? Surtando aqui! E o acontecimento por trás dela? puta sacanagem o cara morrer sem que nunca haja uma revanche. Quase tão "injusto" quanto o final... esse mangá com certeza merece uma olhada.

    Essa de Ushio foi foda demais, nem sei por que parei de ler o mangá, sou muito babaca, mesmo.

    Já essa cena de O Lobo Solitário eu presencio diariamente no meu colégio -n. Brincadeiras a parte, cena forte, hein?

    Continue com a coluna, seu puto! \o/

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Dear God, essa página de Ushio to Tora é realmente MUITO Fascinante, uma das melhores de todo o mangá se não a melhor, deu até vontade reler essa maravilhosa obra :B

      Òtimo post! Espero um toda semana, ouviu? Sr Nintakun. XD

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  3. PQP, VAISEFODE NINTAKUN, ESSA PÁGINA DE KUROSAWA T_T Vontade de chorar toda vez que leio ela, sem dúvida épica demais.

    E ótima escolha do Estranhow, realmente a saga final faz sombra sobre outros momentos geniais de Slam Dunk e esse aí merece mesmo ser mencionado. Não há mais o que falar além do que já foi dito, ótima análise.

    (De resto não li nenhum, shame on me)

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  4. Muito linda essa cena do I's!

    Pena que o final do mangá não foi muito bom...
    Maldito K2R.

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  5. Ótima escolha, principalmente com Lobo Solitário(também disputa fácil pelo "melhor mangá que já li").

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  6. Se só de ler essas pequenas análises eu já me emocionei...imagine lendo isso na íntegra? Daí só li mesmo Slam Dunk, com o qual chorei horrores, mas o resto já tá baixado e pronto pra leitura.
    Ótimo post, parabéns.

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  7. Caralho desculpa o linguajar,mas essa palavra descreve oque acho dessas cenas.
    Agora definitivamente vou ler Lobo solitário, vou fazer a questão de comprar todos os volumes.
    Ashita esperar um dia a bizarre terminar o projeto. Já que parecer cancelado devido o tempo do ultimo lançamento mas a esperança é a última que morre.
    totora esperar para um dia ler a versão shin sekai scans.
    Is já li quase todo tava esperando mame terminalo mas como a mame acabou lerei a versão do k2r.
    Kurosawa sonho em ler um dia.

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