Resenha - Yokohama Kaidashi Kikou

Yokohama Kaidashi Kikou
Autor: Hitoshi Ashihano
Gênero: Slice-of-Life
Período de publicação: 1994-2006
Serialização: Afternoon (Kodansha)
Número de volumes: 14

Primariamente, o objetivo das obras do entretenimento são divertir, empolgar, distrair e relaxar. Poucos conseguem cumprir com todos esses objetivos completamente, principalmente o último, com maestria. Em uma história em quadrinhos, isso é ainda mais difícil de ser executado. No post de hoje falarei de um mangá que consegue tal proeza perfeitamente, e de um jeito fascinante e surpreendente que vai certamente te conquistar. O mangá de hoje é o fantástico Yokohama Kaidashi Kikou, de Hitoshi Ashihano.

O mangá se passa em um mundo pós-apocalíptico (não é como um Hokuto no Ken ou um Mad Max da vida) que vou devastado por um processo não revelado, mas aparenta ser por algum tipo de poluição ou aquecimento global talvez. O nível dos mares subiu e alagou vários lugares, a população se reduziu drasticamente e os recursos tecnológicos se tornaram mais escassos. Mas isso não quer dizer que a população tenha dificuldades para viver, exatamente pelo contrário, as pessoas vivem vidas bem tranquilas e pacatas. Yokohama Kaidashi Kikou narra o dia-a-dia da andróide Alpha Hatsuseno, que trabalha em uma cafeteria que foi deixada aos seus cuidados pelo seu propietário que partiu em uma viagem. E é basicamente em torno disso que esse mangá gira, mas de uma forma extremamente bem orquestrada que não enjoa com vários capítulos episódicos.

Ao ler o parágrafo anterior, é altamente notável que o grande foco de Yokohama Kaidashi Kikou não é bem a história (que história, aliás?), o grande atrativo do mangá é a sensação incrivelmente relaxante e melancólica que ele dá ao leitor durante a leitura. É tudo tão bonito e calmo no mangá que não é difícil para o leitor se sentir confortável enquanto lê. Os capítulos não possuem histórias muito complexas, tanto que podem existir capítulos até mesmo de umas 10 páginas que basicamente só mostra algum personagem olhando uma paisagem e pensando na vida, e nem de longe isso deixa o mangá ruim ou faz você não gostar dele, chega a ser até bem acochegante. Apesar de toda essa simplicidade, YKK é uma obra extremamente densa e completa.

Mas como pode YKK ser, ao mesmo tempo, tão simples e completo? O mangá conta com pouquíssimos personagens, mas que são muito bem explorados. O mais interessante nisso tudo (e que sem dúvidas, é uma das coisas mais legais desse mangá na minha opinião) é que apesar da narrativa episódica, dá pra notar a passagem tempo gradual durante a série, sem timeskips nem nada assim, o tempo vai passando naturalmente durante o mangá. Você vê personagens envelhecendo, crescendo (com exceção de Alpha, por ser uma andróide) e se desenvolvendo, sem nenhuma passagem brusca de tempo, é como se você estivesse vendo a vida deles passando a cada capítulo (tanto que durante o mangá, parecem se passar uns 20~30 anos na história). Uma técnica narrativa simplesmente fascinante.

É basicamente impossível desgostar de algum personagem de YKK. Todos são muito agradáveis e identificáveis. A exemplo disso, a personagem principal da história, Alpha, é uma das personagens mais completas e agradáveis que já li. Apesar de ser um robô, tem vezes que ela é tão humana que até dá pra se esquecer desse detalhe. Alpha é rodeada de alguns personganens que também moram na mesma cidade com ela e que frequentam sua cafeteria e uma coisa interessante, é que cada um tem a sua história ou a história deles vai se construindo ao longo do mangá em um estilo narrativo bem calmo e simples cheio de calmaria que agrada facilmente à todos os gostos.

E tal ritmo narrativo simples e calmo, com poucos textos, funciona tão bem ao lado de uma arte divinamente belíssima. Há capítulos que possuem nem meia dúzia de falas, mas que mesmo assim, podem ser tão bem compreendidos como um mangá de ficção científica cheio de explicações. E pra quê muitos textos com personagens com expressões tão marcantes e bem-feitas? Uma arte tão bonita que em algumas vezes, você pode até parar a leitura para ficar admirando os belos desenhos de paisagens e personagens, que são bem carismáticos e bucólicos.

Conclusão:
Yokohama Kaidashi Kikou é um mangá como poucos por aí. Sabe aquela sensação de calma e relaxamento que algumas obras de entretenimento, sejam elas filmes, jogos, livros, mangás, transmitem? YKK faz isso de uma forma mais do que magnífica e perfeita. Apesar de poucos personagens, todos eles são ótimos e é impossível não gostar de algum deles, sobretudo Alpha, que é uma personagem que conquista facilmente todos os leitores. É uma leitura rápida, relaxante e extremamente prazerosa e recompensadora. Se você ainda não leu este mangá, faça um favor a si mesmo e leia. Está perdendo uma das melhores peças de arte já feitas.

Onde ler:
Em japonês, as raws dos 14 volumes da série estão no VnSharing . Em inglês, alguns grupos alternaram na série até o fim, portanto pode-se baixar todos os volumes do mangá no Mangatraders. Já em português, a série não está disponível até o fim, mas tem até o volume 9 disponível para leitura no Yakiniku scans, mas não se preocupe, mesmo se você não souber inglês e quiser continuar, YKK é um mangá com uma linguagem bem simples e não dá problemas para até mesmo aqueles que não sabem muito bem a língua inglesa, acredito eu.




Para encerrar, recomendo o post do @rubiopaloosa no OmniaUndique sobre a série  (ele que me recomendou esse magnífico mangá, agradeço a ele pela excelente indicação!) e também um ótimo MMV da série que transmite muito bem a essência do mangá, na minha opinião

Obrigado por ler e comente.