sexta-feira, 6 de maio de 2011

Resenha - Fourteen

Fourteen
Autor: Kazuo Umezu
Gênero: Terror, Ficção Científica
Período de Publicação: 1990-1995
Serialização: Big Comic Spirits (Shogakukan)
Número de Volumes: 20

Kazuo Umezu é uma figurinha interessante entre os mangakás. Com mais de 50 anos de carreira (Umezu começou sua carreira de Mangaká em 1955), sempre vestindo suas roupas coloridas e trajado a lá Wally em sua casa listrada e esbanjando simpatia, ele é sem dúvidas, um dos nomes mais importantes quando o assunto é mangás de terror, a ponto de ter influenciado vários autores que investiram no gênero (como o caso de Junji Ito, autor dos doentios "Uzumaki" e "Gyo") e ter um prêmio dedicado a mangás de Terror com o seu nome. No post de hoje, falarei de um de seus trabalhos mais obscuros e bizarros, e por sinal, o último mangá que Umezu escreveu antes de se aposentar. Conheçam agora "Fourteen" (ou "14-sai" se preferirem).






É um pouco difícil explicar a história deste mangá sem soltar alguns pequenos spoilers, mas lá vai:
A história se passa em um futuro distante, onde a maior parte das espécies animais estão extintas. Como muitas espécies animais estão extintas, os seres humanos consomem carne sintetizada, que é produzida em várias fábricas por todo o planeta, e em uma dessas fábricas, trabalha o renomado cientista Dr.Shigeno que durante a produção de carne, nota um pedaço estranho do alimento que possui um olho brotando de dentro dele. Shigeno acha aquilo muito estranho e separa o pedaço de
carne com o olho brotando separado dos outros em um líquido conservativo para observação.



Depois de alguns dias de observação, Shigeno nota que o pedaço de peito de frango sintético, além do olho brotando, também desenvolveu outros órgãos como coração e pulmões e vê que o pedaço de carne está vivo. O pedaço vai sofrendo mais e mais mutações até que adquire a forma de um frango humanóide (sim, é isso mesmo que você leu). Vendo que não há mais lugar para escondê-lo na fábrica, Shigeno tenta se livrar da criatura mutante que usa sua inteligência para ir até a casa do cientista, então, por isso, admirado com os instintos da criatura com cara de galináceo, Shigeno resolve estudá-lo em sua casa. O monstro é posto na banheira de Shigeno onde ele pôs o líquido de conservação, e assim o deixa lá para observação.





Um dia, Shigeno ouve estranhos ruídos em sua casa, desesperado, o cientista chega até o seu escritório onde vê a criatura que trouxe para casa no chão em meio a alguns livros abertos espalhados pelo chão. Shigeno, impressionado, percebe que é como se ele estivesse tentando aprender sobre o mundo e o põe de volta na banheira. Um tempo depois, ao acordar, Shigeno percebe o seu computador sendo usado por alguém. Este alguém, é ninguém mais ninguém menos que a criatura que ele trouxe para casa, que aprendeu a língua humana e os conhecimentos sobre o mundo com os documentos guardados por Shigeno. Agora, se auto proclamando "Chicken George", o monstro com cara de frango pretende jurar vingança contra a humanidade por causa de todos os animais que foram extintos pelos seres humanos, e assim Chicken George foge da casa de Shigeno para começar a sua vingança contra os seres humanos.


Não, você não se drogou antes de ler esse texo. Essa que você acabou de ler é a absurda premissa de Fourteen. O mangá possui altos momentos de pura loucura e insanidade, que aqui funcionam muito bem para o desenrolar da história, que é desenrolada de um jeito lento pelos desenhos de Kazuo Umezu (afinal, mangás de terror tendem a contar a sua história com muito auxílio dos desenhos).

A arte é um ponto em que alguns que não conhecem o trabalho de Kazuo Umezu se incomodam ao ler Fourteen. Como eu disse lá na introdução, Umezu começou sua carreira nos anos 50, ou seja, uma época em que a estética dos mangás era bem diferente do que era nos anos 90. Quem já leu algo do Umezu, vai reparar as suas marcas registradas no mangá, como as exageradas expressões faciais de alguns personagens e os traços rudes do autor, já quem nunca teve contato com alguma obra de Kazuo Umezu, pode achar estranho, ou até mesmo cômico. Os cenários são cheios de detalhes e passam uma atmosfera sombria que combina com o estilo da série.

Um dos maiores pontos positivos de Fourteen, sem a menor sombra das dúvidas, é o protagonista da série, o Chicken George. Chicken George é um dos personagens mais geniais e marcantes que já vi em um mangá. Ele possui uma personalidade forte, conhecimentos de que nem os seres humanos fazem ideia. Eu poderia facilmente associá-lo à famosas figuras da literatura ocidental como o Dr.Frankesntein por exemplo. Apesar de ser um monstro, em vários momentos Chicken George demonstra ter características bem humanas, o que empolga muito a leitura pelo fato do mangá mostrar de forma bem profunda o psicológico de Chicken George, o que é feito de forma muito bem conduzida por parte de Umezu. É bem difícil não gostar do Chicken George, acreditem.

A série é bem obscura no Japão e ao redor do mundo. Grande parte de sua fama deve-se à importância de Kazuo Umezu para a história dos mangás, e além deste ser o seu mangá mais longo (eu não tenho certeza se Makoto-chan é mais longo, se eu estiver errado, por favor, corrijam-me) e
também ter sido o último trabalho que escreveu antes de se aposentar da carreira de mangaká em 1995. A série é relativamente longa para um mangá do gênero: possui 260 capítulos compilados em 20 volumes, que foram relançados em 13 edições Bunkoban (encadernamento de luxo, com mais páginas e acabamento mais caprichado) em 2001.

Veredito Final:
Fourteen é um dos mangás mais curiosos e estranhos que já li, mas nem de longe isso é ruim. Algumas cenas não são recomendadas para quem tem estômago fraco de tão grotescas que são. Se você não se incomodar com as grotescidades do mangá (que acredito que seja o principal motivo para muitos não gostarem do mangá), irá gostar muito de Fourteen, ou seja, Fourteen não é um mangá para todos os gostos. A leitura passa voando em 70% dos capítulos do mangá, que muitas das vezes terminam com um poderoso gancho que deixa o leitor com vontade de ler o resto. Este mangá é um prato cheio para quem gosta de histórias de terror e de ficção científica com elementos Biopunk. Eu particularmente gostei muito do mangá, lê-lo foi uma experiência bem divertida.

Nota: 8,5

Onde encontrar:
Em japonês, é bem fácil achar as raws, você pode achá-las na Raw Mangá BR . Em Inglês (Que foi a versão que li) o começo do mangá foi feito pelo Arienai e pelo Endless Abyss, mas o resto da série foi feito pelo Gantz Waiting Room, você pode baixar as scans no BakaBt ou no Manga-Traders ou lê-lo online pelo Mangareader . Agora a parte infeliz disso é que o mangá ainda não foi traduzido para o português em nenhum scanlator brasileiro ou português.

Para encerrar a análise, deixo um pequeno vídeo que contém uma auto-apresentação do autor, Kazuo Umezu, para vocês terem ideia da simpatia que o carismático velhinho esbanja.




Espero que tenham gostado dessa análise. Obrigado por ler e por favor, comente.

Até a próxima.

16 comentários:

  1. O Vídeo demorou pra carregar aqui, mas foiiii.. xD
    Muito bacana a curiosidade, ainda não tinha visto. Tio Umezu é maior figura ein D:
    Parabéns pelo post, ficou ótimo.

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  2. Gostei do manga, é pena é só haver em inglês para ler.

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    1. tambem ha em portugues em rebmanga lista: horror

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  3. me parece bem interessante, qualquer hora pegarei pra ler..

    e gostei do seu review. espero que voce continue postando no blog..

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  4. Valeu pelos comentários pessoal.

    @Dark-Fenix
    Pois é, essa é a parte infeliz disso. Mas pretendo trazer a série para a Shin Sekai algum dia, depois que finalizarmos alguns projetos =D, por isso fique ligado!

    @Damage2
    Sim, é bem interessante, mas como eu disse, se você conseguir lidar com as bizarrices do mangá, terá um prato cheio nas mãos.
    e sim, continuarei com o blog, o que acontece é que o tempo anda me impedindo de ser mais frequente aqui =/

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  5. Nintakun, sempre que eu leio uma review sua, eu fico com vontade de ler o mangá... mas dessa vez... EU QUERO MUTIO LER FOURTEEN! Esse bixo estranho ai é a uma das coisas mais estranhas que já vi, e quero muito esse mangá em português.

    Agora, outra coisa: eu quero montar um site de reviews também, tem muita coisa que quero escrever mas não tive coragem ainda. Você poderia me dar algumas dicas? Como entro em contato com você, ou sei lá, tem alguma idéia?

    De qualquer forma, valeu ai, tu escreve demais!

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  6. Opa, Submarino amarelo. Fico feliz que tenha gostado da análise e tenha ficado com vontade de ler Fourteen!

    Olha, se quiser entrar em contato, me manda pelo email (walterdiego@click21.com.br), pelo Myanimelist (Wd_Nintakun) ou pelo Twitter (@nintakun), valeu? Ficarei feliz em dar umas dicas =].

    E de qualquer forma, valeu pelos elogios!

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  7. Então, mandei um email para walterdiego@click21.com.br, mas nem sempre meus emails são enviados como eu quero, hehe. Se não chegar nada ai, me avisa, valeu!

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  8. Email recebido e respondido, meu caro. =D

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  9. Agora tem esse mangá em PT. Sinceramente, eu achei a arte um tanto fraca e o roteiro Trash demais.

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  10. Eu achei o roteiro incrível já que Kazuo Umezu serviu de inspiração pra obras primas de Junji Ito quem achou Thrash demais Fourteen não vai ter estomago pra ler os clássicos do terror japonês do tipo Uzumaki ou Tomie.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Leitura online em português: http://centraldemangas.com.br/online/Fourteen/001#1


    Recomendo Uzumaki tbm pra quem quiser algo melhor que Fourteen: http://centraldemangas.com.br/online/Uzumaki

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    1. Eu gosto de Uzumaki também (apesar de achar bastante supervalorizado), mas acho Fourteen melhor mesmo. Mas bem, cada um com sua opinião... :P

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