sábado, 18 de fevereiro de 2012

Resenha - Kamen Rider

Autor: Shotaro Ishinomori
Gênero: Ação, Ficção Científica
Período de publicação: 1970-1971
Serialização: Weekly Shonen Magazine (Kodansha)
Número de Volumes: 4.

Ao lado de Osamu Tezuka, Go Nagai, Ikki Kajiwara e entre outros grandes nomes dos artistas de mangá das décadas de 60 e 70, havia um outro gigante que também marcou época nesses tempos e ao lado desses já citados, foi um dos mangakás mais importantes da história. Estou falando de ninguém menos que o grande Shotaro Ishinomori. O nome do sujeito você pode até não conhecer, mas se você é antenado no universo dos mangás e animes, certamente conhece alguma de suas criações como Cyborg 009, as séries Super Sentai ou o clássico Kamen Rider, que é sem dúvida alguma, um dos maiores ícones da cultura japonesa há mais de 40 anos. Mas como a franquia Kamen Rider começou? Isso é o que você descobrirá nesse post, onde irei falar do verdadeiro Kamen Rider, aquele que deu início a uma longa geração de motoqueiros mascarados que viria durante os anos.





A história do mangá começa com o jovem Takeshi Hongo andando de moto como sempre costuma fazer, e de repente, ele sofre um acidente após um carro atropelar a sua moto. Milagrosamente, Hongo sobrevive, mas ele acorda acorrentado em uma mesa de operações com vários cientistas à sua volta, que dizem que ele agora será parte da experiência deles para se tornar um ser super desenvolvido e que o seu corpo foi alterado para o progresso de tal experiência. E de repente, em uma das experiências, ocorre um blecaute na sala onde está Hongo.



Usando sua superforça como nova habilidade, Hongo consegue se libertar das correntes e de repente, encontra com um cientista que era um velho conhecido seu que estava desaparecido por ter sido capturado pela organização Shocker para contribuir com os experimentos. Então, Hongo decide escapar dos laboratórios da Shocker com o cientista, e ele consegue roubar uma moto no local, mas durante a fuga, eles são abordados por uma das criaturas feitas pela organização Shocker em forma de aranha. Quando a criatura está perto de matar o doutor Midorikawa, e eis que surge o Guerreiro da Justiça, destinado a proteger a paz na humanidade, o KAMEN RIDER! Então o herói salva o doutor Midorikawa e escapa do local.

Na casa do doutor, Eles são atacados mais uma vez pela criatura da Shocker que dessa vez, acaba conseguindo matar o cientista e assim deixando Hongo enfurecido. Hongo decide se transformar mais uma vez em Kamen Rider e ir atrás do monstro e trava uma feroz luta com ele. Após sair vitorioso da luta contra a criatura, Hongo decide que irá de uma vez por todas acabar com todos os terríveis planos e criaturas da maléfica organização Shocker e assim, proteger a paz na humanidade.


Pros padrões de hoje, pode não parecer um plot nada original o de Kamen Rider, mas considerem a época em que o mangá foi feito. Era o começo dos anos 70, mangás ainda estavam se desenvolvendo da forma como conhecemos hoje. Os grandes autores da época estavam construindo suas carreiras lançando vários sucessos em diversas antologias (em um tempo onde a Shonen Jump ainda estava muito longe de ser um sucesso gigante como hoje). A história pode não ser tão original em tempos atuais, mas mesmo assim, fisga o leitor com bastante intensidade e empolga muito a leitura desde suas primeiras páginas até as últimas com uma história bem-trabalhada e construída e um ritmo narrativo bem intenso que era comum nos mangás da época (e também nas obras do autor).


Kamen Rider, além de uma história empolgante e divertida, conta com excelentes cenas de luta, que mesmo que levem mais de 30 páginas de apenas desenhos com pouco ou nenhum texto, são uma maravilha aos olhos. Ishinomori usa uma ótima arte para a época para narrar as suas lutas com muitos detalhes (técnica essa, que foi aproveitada pelo seu discípulo, Go Nagai futuramente em muitas de suas obras). Impossível não se divertir observando as épicas lutas do motoqueiro mascarado contra os terríveis monstros da Shocker. Se você só viu os Tokusatsus da franquia Kamen Rider e acha que vai encontrar lutas bobinhas e lentas (notem que não estou falando mal das séries live-action),está enganado, no mangá que deu origem à franquia, temos lutas bem rápidas e intensas, e por vezes, violentas.




Muitos mangás dessa época tinham o costume de fazer críticas ou referências ao modo de viver da população japonesa daquele tempo ou até mesmo alfinetadas ao sistema de governo do país (tipo aqui no Brasil como na mesma época, durante a ditadura militar, vários artistas buscavam as maneiras mais criativas possíveis de criticar o governo e se manifestar). Mangás como Ashita no Joe, Devilman, Harenchi Gakuen faziam isso o tempo todo, em Kamen Rider, elas não estão tão frequentes como nos títulos citados e estão longe de ser o foco do mangá, mas aparecem e são altamente perceptíveis até mesmo durante falas de muitos dos vilões do mangá. Sim, pessoal, esse era o nível dos mangás shonen daquele tempo. Um tempo em que não se pedia desculpas por uma cena em que os personagens engolem gás hélio para ficar com uma voz engraçada.



Conclusão:
Kamen Rider é um excelente mangá de ação e cheio de elementos de ficção científica. É inegável que o herói é um dos maiores ícones da cultura nipônica. Com uma história muito bem conduzida por Ishinomori. O mangá empolga desde o seu começo com um ritmo narrativo bem intenso que capta a atenção do leitor. Pros nossos tempos, ele pode não ser o mangá mais original e inovador do mundo, mas ele significou um "boom" na época e deu origem a uma das franquias mais influentes e famosas dos Tokusatsus. Se você é fã das séries Kamen Rider e quer conhecer a história que deu origem à tudo, esse mangá é pra você. Mesmo se você não gostar de Tokusatsu, esse mangá ainda é altamente recomendado. Um dos grandes clássicos dos mangás que merece a sua atenção.



Onde ler:
Em japonês, as raws são bem difíceis de conseguir. Já em inglês, o mangá foi feito até o fim com uma excelente qualidade de tradução e edição em uma parceria com a HappyScans e a Offtopia. Infelizmente, em português, a série ainda não está disponível.

E para encerrar o post, nada melhor do que ver a clássica abertura do Kamen Rider original, não é mesmo?



Obrigado por ler e comente.

7 comentários:

  1. sempre tive interesse de ler esse tipo de manga, infelizmente as chances de titulos como este serem publicadaos aqui no BRASIL são quase nulas, pelo menos e o que eu acho, saudades do tempo que eu assistia o RX

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  2. Cara, esse mangá deve ser muito foda, não curto tokusatsu de forma alguma, acho tosco até na tampa, mas isso não vem ao caso.
    Por ser uma obra de um grande autor e um cráaaasico. Este já está nos meus planos a anos, assim como o Cyborg e Genma.

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  3. Só Uma Coisa: CLASSICO!!!!

    Estou acompanhando a série kamen rider 1, bem sombria a série

    PARABENS PELA RESENHA

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  4. Cara sempre achei os design dos Raiders muito bons, mais nunca tive animo pra assistir as series por não ser muito fã de Tokusatsu.

    Gostei bastante da resenha e até mesmo da história (que lembra bastante a plot de Cyborg 009, que é do mesmo autor), gostaria bastante de ler ele em portugues.

    Não rola da Shin Sekai fazer?

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  5. @WESLEY CHAVES
    O Black RX seria uma boa trazer pra cá, visto que o Tokusatsu foi exibido aqui. Mas Ishinomori tem outras obras que acho que cairiam melhor no gosto do público. (o aclamadíssimo "Hotel", por exemplo)

    @MAX
    Exatamente como eu disse, mesmo se não gostar de Tokusatsu, pode ir fundo que você vai gostar.

    @Anônimo
    Obrigado. O primeiro Kamen Rider, na minha opinião é o melhor deles. É o meu favorito. (e foi o primeiro que conheci também quando criança)

    @Ken-Oh
    Eu gosto do design dos Riders modernos também, mas as histórias não me atraem tanto quanto os da era Showa.
    Eu AINDA não li Cyborg 009 na íntegra (corrigir-me-ei desse erro em breve).
    E o mangá do Kamen Rider está nos meus planos na Shin Sekai COM CERTEZA ABSOLUTA. Eu não poderia deixar essa maravilha passar batida.

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  6. "O Black RX seria uma boa trazer pra cá, visto que o Tokusatsu foi exibido aqui. Mas Ishinomori tem outras obras que acho que cairiam melhor no gosto do público. (o aclamadíssimo "Hotel", por exemplo)"

    O único problema é que não existe um mangá de RX. Na verdade, nem Ishinomori queria que RX fosse feito. Ele inclusive é considerado um universo paralelo ao do Black nas séries mais atuais. Ishinomori concebeu Black como um remake da franquia, ou seja, era um recomeço e não sequência de nenhum dos Riders anteriores. RX foi a primeira série onde o envolvimento de Ishinomori foi mínimo, nem mesmo os designs foram feitos por ele. Não ajuda o fato de que o mangá de Black não tem nada em comum com a série, tampouco com o mangá original do primeiro Rider. Black era mais uma história de ficção cientifica com elementos sobrenaturais do que uma história de super-herói e também é o único Rider com arte e roteiro feitos por Ishinomori além do original. Os demais mangás de Kamen Rider foram feitos por assistentes, publicados em revistas menores como a TV Magazine ou TV Land e pareciam um hibrido entre o mangá de Ishinomori e as versões televisivas. Mesmo o mais recente e bem sucedido, Kamen Rider Spirits, ainda tem elementos em comum com o mangá original, vide as cicatrizes do Hayato Ichimonji.

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  7. Só uma coisa, acho um pouco dificil minha sugestão,mas vou fazer uma campanha que pelo menos possa dar certo. Se caso a FOCUS FILMES lançar o DVD de KAMEN RIDER BLACK, umas das minhas sugestões seria um brine deste mangá do Primeiro KAMEN RIDER traduzido em PORTUGUÊS, eu sei que não tem haver uma coisa com a outra em relação as séries, mas eu acho que seria DE Otimo Agrado para os fãs de Tokusatsu e com certeza faria um grande sucesso pra quem Curte tokusatsu e mangá. UM ABRAÇO

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